domingo, 24 de outubro de 2010

essil on

I travelled through light
I travelled through light, I am not afraid

In this lake of souls
In this lake of souls, I lose all fear
roupas de frio e um pouco de agasalhos mostravam a silhueta de uma criança com a mão estendida para o nada. era frio e divino, de um tom branco tão alvo quanto as asas das gaivotas que povoavam os céus naquele momento de alguns segundos de incompreensão.
eram duas vozes que brotavam do menino, uma dizia bom dia e a outra pedia ajuda por não saber onde estar. a primeira esboçava um sorriso e a outra abria a boca juntamente com a contração dos olhos enquanto uma lágrima caía abrindo espaço em seu rosto. era cedo, por volta de quinze minutos antes de tudo se corromper com o passar de um homem numa bicicleta.
a cena, assistida por todas as rochas que viviam levando surras do mar, era morta e de uma vivassidade paradoxal. o menino do gorro vermelho ficava respirando aos poucos e sua expiração trazia consigo riscos no ar de vapor gélido d'água.
nada parecia suficientemente bom enquanto o sorriso permanecia aberto e a lágrima de sofrimento não tocava o chão.
aos poucos, a silhueta única ganhou a companhia do tilintar dos sinos de uma bicicleta.
um velho, com vestimentas antigas e de boina que cheirava guardado, chegou ao menino e oferecendo-lhe a mão disse que "se não fosse você, juraria que estava morto e ninguém veio me ver. somente as gaivotas, as rochas e minha bicicleta".
a lágrima tocou o chão, o velho abraçou o menino e ambos deixaram de ser silhuetas e deu pra notar que eram apenas movimentos da fumaça de alguém que fumava perto da praia.

v

eu voltaria em todos os momentos que eu tive música decente pra ouvir e era noite.
eu voltaria com todo ímpeto de concluir coisas aos meus problemas passados.
eu voltaria de leve às camas dos lugares que visitei.
eu voltaria constantemente à minha mente antiga.
eu voltaria com mais força nas noites que saí gritando letras sem sentido acompanhado por instrumentos de seis cordas ou mais.
eu voltaria pensando que não tem como ir pra frente sem regredir um pouco.
eu voltaria até pensar que não é possível conseguir muito se não se tem nada.
eu voltaria ao primeiro texto que escrevi que está guardado ao lado do meu pé esquerdo e eu dizia pra não guardar ou idealizar mundo nenhum.
voltaria aos livros que não li ou não terminei,
voltaria às músicas que escrevi e esqueci,
voltaria aos dias que não saí pra poder me mexer,
voltaria ao saudosismo que fui tratar com seções de três quartos de hora,
volto até hoje ao dia que abri os olhos e notei que eram 15 e 15,
volto ao dia que vi alfa de centauro e divinizei-a achando que aquilo diminuiria algo,
acima de tudo, não há voltas.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

eis que surge um ser divino e toca o ponto mais profundo de seu cérebro. dá-lhe uma luz e dela provém todo esquecimento.

eis que surge quem espera o ser divino, com um terço feito de dentes, arrancados no desespero da impaciência.

de mente demente

três elefantes correm, eu fico ouvindo os passos calmos no meu quarto, o ecoar me grita ao escuro breu de fim de noite.
dentes de leão roçam meus joelhos e a escuridão é quebrada pelos dentes que a lua mostra como cumprimento. o meu peso é aliviado por todo líquido deixado a esmo no chão do cômodo.
mãos de dedos finos e cheios de pó branco alucinógeno que se limpam aos poucos enquanto caminha sobre a parede cor de hospital - o verde doença que te enoja aos poucos por lembrar do cheiro do éter e ver seringas com sangue velho em sua mente.
crânios irregulares, deformados, sangue e alegria. tão opostos e juntos pelo mesmo motivo: prazer;
e no encontro de duas paredes, na aresta de seu limite havia alguém que encostado comia o próprio corpo.

sábado, 10 de julho de 2010

explodir e fazer chover tudo

eram dedos, mais inchados que o normal, correndo para aliviar qualquer tipo de euforia ou vontade de sair correndo sem se cansar, sem perder o fôlego animalesco que nunca foi seu.
abrir a boca e conseguir tocar a nuca com os dentes superiores e dentro da cavidade bucal sair alguém novo, azul, que aos poucos perde a cor, de forma líquida.
os ouvidos estavam cheios, gritantes por si próprios. berrando-lhe informações, ordens e coordenadas.
tudo estava conforme o planejado: uma cadeira de praia no meio de um campo verde vívido, óculos vintage espelhados e negros, um alcatrão dentro de um papel retangular adaptado para o cilíndrico, o resultado da 'fusão' da areia em formato garrafal contendo destilação de trigo e um pouco de cafeína.
um pavio longo, era estendido pela grama por mais ou menos três metros. a sua origem era o umbigo do mesmo que havia aceso um esqueiro zippo metálico e prata.
a faísca comia o fio negro que corria pelo chão, a cada momento o sorrido do garoto aumentava pouco a pouco. os momentos se consumiam juntamente de tragos de alívio. a fumaça saía de seu sorriso de dentes expostos e a faísca chegava perto, até demais.
negro.
dois segundos depois, uma explosão que dava pra ser ouvida de quinze quarterões de distância.
houve um suicídio na Happy Avenue e todos acharam que foram fogos comemorativos.

sábado, 3 de julho de 2010

noite de augusto

Augusto, 31 anos, nascido no inverno, filho de César. Em sua particularidade, Augusto não era tão rico, diferente nem chuvoso quanto os outros, mas em relação à vida, ele a tinha demasiadamente.
Dentro de si, brotavam fetos, com diversos nomes e faces, que choravam ao conhecer os raios solares.
Augusto tinha a principal vontade de se tornar o ser mais infinito enquanto estivesse vivo, mais intenso quanto os outros, mais marcado pelas cicatrizes do medo de não ter medo.
Ao fim da tarde, pegou seus pertences, dentro de um livro que havia sido moldado para lhe servir de cofre quando aberto, seus vícios e seus olhares de perdição.
Atravessou a rua de sua casa, perguntou a qualquer humano que andasse por ali, onde havia uma ponte e um rio fundo. Esperou-se então a resposta e a direção fora obtida.
Alguns passos foram dados enquanto o frio consumia as narinas avermelhadas e a respiração esfumaçada.
Seu traje o protegia de todos agouros da noite escura. Augusto carregava seu pés lentamente ao destino planejado, arrastando-os na neve, marcando-a como trator.
Aproximadamente às 23:59, Augusto estava de pé, com seu alcatrão cilíndrico no lábio, seguido de tragos fortes de vodca barata e russa. Logo após de trinta segundos, ele já estava no meio do caminho entre a ponte e o rio. Seu corpo em queda livre, o ar tirando-lhe a roupa aos poucos e um forte baque marcara o fim de 31 anos seguidos de boemia e desconserto.
Ao Norte da Europa nascia Syyskuu para o mundo, às 0 hora, para o mundo.

[NOTA:
Syyskuu significa Setembro em Finlandês]